Cine & Pipoca: Valente
Olá mais uma vez, hoje é domingo e, acho que a maioria das pessoas deve concordar, é dia de relaxar assistindo a um filme seja no cinema ou em casa mesmo, por isso trago uma dica de animação que assisti recentemente e simplesmente achei muito bacana. Então, fique ligado e leia o post para saber informações sobre mais um Cine & Pipoca.
Sinopse: A jovem princesa Merida foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino. Mas a garota dos cabelos rebeldes não tem a menor vocação para esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem pede que sua mãe mude. Mas quando o feitiço surte efeito, a transformação da rainha não é exatamente o que Merida imaginava... Agora caberá à jovem ajudar a sua mãe e impedir que o reino entre em guerra com os povos vizinhos.
Então galera, hoje farei algo diferente. Ao invés de escrever uma breve crítica sobre o filme como sempre faço, postarei aqui a crítica que li tem algum tempo sobre o filme e que, sem brincadeira nenhuma, me impulsionou ainda mais a querer assistir Valente. A crítica disponível no Adoro Cinema simplesmente sintetiza minha opinião após ter assistido ao filme, por isso achei melhor postá-la aqui. Espero que leiam porque vale a pena.
A selvagem natureza humana
Um dos principais
contos de Machado de Assis, Pai contra mãe, girava em torno de uma
fatalidade. Estas duas figuras familiares de igual importância entravam em
conflito, e por questões de ideal, de classe social e mesmo de sexo, a
sobrevivência de uma delas implicava a morte da outra. De certo modo, este é o
mesmo conflito que se encontra em Valente.
A jovem princesa
Merida sempre se identificou mais com o espírito selvagem do pai, com quem tem
maior afinidade e de quem herdou os cabelos ruivos e selvagens. Já a mãe tem os
cabelos presos, escuros, impecavelmente arrumados, e acredita na etiqueta como
obrigação social, além do casamento como finalidade para uma mulher. Logo após
brigar com sua mãe e chamá-la de monstro, Merida encontra uma bruxa que acaba
por transformar sua mãe justamente nisso: em um monstro ou, no caso, em um urso
selvagem.
Este conflito, o
principal de Valente, é um potente motor para o roteiro, riquíssimo
em significados. Não só a mãe tenta civilizar sua nova natureza animal – a
maioria do humor nasce deste urso comendo com talheres, limpando a boca com
guardanapos -, mas também a filha precisa esconder a nova transformação materna
do próprio pai, que detesta ursos. Merida deve impedir que seus pais matem um
ao outro, mas acima de tudo ela deve impedir que o confronto entre a liberdade
(pai) e a tradição (mãe) destrua a noção de família.
Esta é provavelmente
a primeira vez em que a Pixar escolhe um mediador como protagonista. Merida é a
coadjuvante de sua própria história, ela é a prova de que a diplomacia como
forma de valor moral também pode chegar aos contos infantis. A garota tem
grande talento no arco e flecha, mas não mata mais que alguns peixes (e por
questão de sobrevivência). Ela não tem conflito nenhum para si, algo realmente
novo e quase revolucionário em um filme infantil, que sempre força na
transformação do protagonista pelos valores da amizade (Toy Story, Up - Altas Aventuras, Monstros S.A.) ou do amor
romântico (Wall-E).
A família neste caso não aparece mais como uma
instituição essencialmente boa, como em Procurando Nemo e Os Incríveis, e sim como uma forma heterogênea e conflituosa a ser moldada.
Mesmo assim, alguns
críticos afirmaram, de maneira depreciativa, que esta obra se parecia mais com
os antigos filmes da Disney, pela presença gritante da família como tema
central. De fato, há pouco em jogo além das relações de filiação e casamento,
mas este é um dos raros roteiros que não se limita a ensinar as crianças a
amarem os pais, apostando em uma adaptação mútua entre ambas as partes. Esta é
uma primeira surpresa: não é sempre que os pais também são vistos como seres
tão perfectíveis quanto seus filhos. Contra o argumento do "filme à moda
antiga", as escolhas da direção mostram uma técnica moderníssima, enquanto
alguns toques do roteiro revelam a preocupação da Pixar em ser competitiva no
mercado – como a inclusão dos trigêmeos, por exemplo, uma provável resposta da
empresa aos populares pinguins de Madagascar.
Além disso, ao invés
da mensagem católica dos filmes tradicionais da Disney, Valente adota
um lema mais contemporâneo, mais protestante. Nada de um destino
pré-determinado por forças divinas, e sim a moral muito americana do "faça
você mesmo", "você pode ser o que quiser, contanto que se
esforce". Talvez por isso o filme tenha sido chamado de pró-feminista,
apoiando a independência da mulher - vide a bela cena em que Merida disputa a
sua própria mão em casamento. A narrativa, inclusive, estabelece uma
"passação de poder" dos homens às mulheres, iniciando-se com o título
inscrito na tela após um ato de bravura do pai, e terminando com um ato de
bravura das duas mulheres da família. Destaque, aliás, para esta cena bem
erótica da mãe-selvagem, com os cabelos finalmente soltos, despenteados, nua e
cercada por diversos homens brutos. Quando seu próprio marido a vê, ele
manifesta primeiro o desejo sexual, antes do desejo de protegê-la. Poucas cenas
da Pixar foram tão sensuais quanto esta.
Por fim, Valente surpreende
não apenas por escolher uma mulher como protagonista, muito menos por se passar
na Escócia medieval. Este filme ousa abordar a família sem glorificá-la, sem
maniqueísmos, sem ceder à obrigação moral e mercadológica de atribuir um amor
romântico à protagonista. Esta garotinha de cabelos despenteados, que rasga as
roupas justas para revelar suas formas e melhor praticar o arco e flecha (outro
momento erótico), consegue associar a ideia de liberdade não mais à conquista
do território e do poder, mas à conquista social e individual. Isto sim, é um
avanço considerável nos roteiros infantis, e uma forma de modernidade mais que
bem-vinda ao cinema de animação.
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-135528/criticas-adorocinema/
Oi, Lu!
ResponderExcluirParece interesante esse desenho, mas erotismo em filme infantil?
Dá certo?
Bjão!!
Oi Bill. Então, o filme é bom e quanto aos "momentos eróticos"nem precisa se preocupar porque são cenas sutis e que, sinceramente, não chocariam pais ou crianças. Pode confiar e assistir ao filme que vale a pena!
ExcluirBeijocas :)